sábado, 17 de julho de 2010

Reality #8

Enquanto esperava o autocarro de regresso a casa olhava à minha volta e pensava nas saudades que tenho em ter saudades de Lisboa. Fazer exactamente o mesmo caminho todos os dias, apanhar os mesmo metros, à mesma hora, ver o mesmo sítio, cansa... E um cão chega-se perto de mim e senta-se. Era um Labrador bege, daqueles que guiam os cegos.
Uma senhora chegou perto de mim e perguntou se só estava uma pessoa no banco, abanei a cabeça, estupidamente, e ela continuou à espera de resposta. Depois de ouvir a minha voz dizer que sim sentou-se do lado da sombra e justificou-se dizendo que o cão estava com sede.
Fiz silêncio.
Há um autocarro agora as 17:20 não há?
Sim.
Novamente silêncio enquanto ela tirava o dinheiro para o bilhete contado com precisão. Depois perguntou-me se uma mala que tinha dentro de um saco era preta ou castanha escuro. Uma dúvida de quem não vê mas que na loja lhe disseram ser preta quando era mesmo a cor que queria e afinal, segundo o que os meus olhos viram, era castanha.
Encolheu os ombos e sorriu dizendo que era o custume.
Silêncio.
O autocarro nunca mais vem, disse ela impaciente. Ao que respondi, Só passaram 5 minuto, para a tentar acalmar.
Bem, no meu relógio são 17:29 (e eram mesmo).
Finalmente o autocarro, disse eu para que ela colocasse tudo a jeito. Assim que o ouviu levantou-se e sem eu perceber agarrou-se ao meu braço e disse : Obrigada pela companhia. Toty, sobe.

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